Tipos de dialisadores e seleção clínica: um guia completo

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Tipos de dialisadores e seleção clínica: um guia completo

Introdução

No tratamento da doença renal em estágio terminal (DRET) e da lesão renal aguda (LRA), odialisador—frequentemente chamado de “rim artificial”—é o núcleodispositivo médicoque remove toxinas e excesso de fluidos do sangue. Isso impacta diretamente a eficácia do tratamento, os resultados para o paciente e a qualidade de vida. Para os profissionais de saúde, selecionar o dialisador certo é um equilíbrio entre objetivos clínicos, segurança do paciente e custo. Para pacientes e familiares, entender as diferenças entre os tipos de dialisadores os ajuda a participar da tomada de decisão compartilhada.

Este artigo detalha as principais categorias de dialisadores, suas características técnicas e estratégias práticas de seleção com base em diretrizes modernas como a KDIGO.

 Hemodialisador (15)

Classificação básica de dialisadores

Os dialisadores modernos para hemodiálise podem ser classificados em quatro dimensões principais: material da membrana, projeto estrutural, características funcionais e considerações específicas do paciente.

1. Por material da membrana: natural ou sintética

Membranas à base de celulose (naturais)
Tradicionalmente fabricadas a partir de derivados de celulose, como cuprofano ou acetato de celulose, essas membranas são de baixo custo e amplamente disponíveis. No entanto, apresentam biocompatibilidade limitada, podem desencadear a ativação do complemento e causar febre ou hipotensão durante a diálise.

Membranas sintéticas (de alto desempenho)
Compostas por polímeros de alta qualidade, como polissulfona (PSu), poliacrilonitrila (PAN) ou polimetilmetacrilato (PMMA), essas membranas oferecem tamanho de poro controlado, maior permeabilidade a moléculas de tamanho médio e biocompatibilidade superior, reduzindo a inflamação e melhorando a tolerância do paciente.

2. Por projeto estrutural: fibra oca versus placa plana

Dialisadores de fibra oca(≥90% de uso clínico)
Contêm milhares de fibras capilares finas com grande área de superfície (1,3–2,5 m²) e baixo volume de preenchimento (<100 mL). Proporcionam uma depuração de alta eficiência, mantendo ao mesmo tempo uma dinâmica de fluxo sanguíneo estável.

Dialisadores de placa plana
Raramente utilizadas hoje em dia, essas câmaras possuem áreas de membrana menores (0,8–1,2 m²) e volumes de preenchimento maiores. São reservadas para procedimentos especiais, como a combinação de plasmaférese e diálise.

3. Por características funcionais: baixo fluxo vs. alto fluxo vs. otimizado para HDF

Dialisadores de baixo fluxo (LFHD)
Coeficiente de ultrafiltração (Kuf) <15 mL/(h·mmHg). Remove principalmente solutos de baixo peso molecular (ureia, creatinina) por difusão. É um método custo-efetivo, porém com depuração limitada de moléculas de tamanho médio (β2-microglobulina <30%).

Dialisadores de Alto Fluxo (HFHD)
Kuf ≥15 mL/(h·mmHg). Permite a depuração convectiva de moléculas maiores, reduzindo complicações como amiloidose relacionada à diálise e melhorando os resultados cardiovasculares.

Dialisadores específicos para hemodiafiltração (HDF)
Projetadas para a remoção máxima de toxinas de tamanho médio e ligadas a proteínas, frequentemente combinam membranas sintéticas de alta permeabilidade com camadas de adsorção (por exemplo, revestimentos de carvão ativado).

4. Por perfil do paciente: Adulto, Pediátrico, Cuidados Intensivos

Modelos padrão para adultos: membranas de 1,3 a 2,0 m² para a maioria dos pacientes adultos.

Modelos pediátricos: membranas de 0,5 a 1,0 m² com baixo volume de preenchimento (<50 mL) para evitar instabilidade hemodinâmica.

Modelos de cuidados intensivos: Revestimentos anticoagulantes e volume de preenchimento muito baixo (<80 mL) para terapia de substituição renal contínua (CRRT) em pacientes de UTI.

 

Análise detalhada dos principais tipos de dialisadores

Membranas de celulose natural

Características: Acessível, bem estabelecido, mas menos biocompatível; maior risco de reações inflamatórias.

Uso clínico: Adequado para suporte de curto prazo ou em contextos onde o custo é a principal preocupação.

Membranas sintéticas de alto desempenho

Polissulfona (PSu): Um material típico para dialisadores de alto fluxo, amplamente utilizado tanto em hemodiálise de alto fluxo quanto em HDF.

Poliacrilonitrila (PAN): Notável por sua forte adsorção de toxinas ligadas a proteínas; útil em pacientes com hiperuricemia.

Polimetilmetacrilato (PMMA): Remoção equilibrada de solutos em diferentes tamanhos moleculares, frequentemente utilizado em doenças renais diabéticas ou distúrbios da mineralização óssea.

 

Adequação da seleção do dialisador aos cenários clínicos

Cenário 1: Hemodiálise de manutenção em DRC em estágio terminal

Recomendação: Dialisador sintético de alto fluxo (ex.: PSu).

Justificativa: Estudos de longo prazo e as diretrizes KDIGO apoiam o uso de membranas de alto fluxo para melhores resultados cardiovasculares e metabólicos.

Cenário 2: Suporte para Lesão Renal Aguda (LRA)

Recomendação: dialisador de celulose de baixo fluxo ou dialisador sintético econômico.

Justificativa: A terapia de curto prazo concentra-se na eliminação de solutos de baixo peso molecular e no equilíbrio hídrico; a relação custo-benefício é fundamental.

Exceção: Em casos de sepse ou lesão renal aguda inflamatória, considere o uso de dialisadores de alto fluxo para a remoção de citocinas.

Cenário 3: Hemodiálise Domiciliar (HDD)

Recomendação: Dialisador de fibra oca com pequena área de superfície e sistema de preparação automática.

Justificativa: Configuração simplificada, menor necessidade de volume sanguíneo e maior segurança em ambientes de autocuidado.

Cenário 4: Hemodiálise Pediátrica

Recomendação: Dialisadores sintéticos biocompatíveis e personalizados de baixo volume (ex.: PMMA).

Justificativa: Minimizar o estresse inflamatório e manter a estabilidade hemodinâmica durante o crescimento.

Cenário 5: Pacientes em estado crítico na UTI (CRRT)

Recomendado: Dialisadores sintéticos de baixo volume, revestidos com anticoagulante, projetados para terapia contínua.

Justificativa: Reduz o risco de sangramento, mantendo a eliminação eficaz em pacientes instáveis.

 

Tendências futuras na tecnologia de dialisadores

Biocompatibilidade aprimorada: membranas livres de endotoxinas e revestimentos endoteliais bioinspirados para reduzir a inflamação e os riscos de coagulação.

Dialisadores inteligentes: Monitoramento online integrado da depuração e controle da anticoagulação baseado em algoritmos para otimização da terapia em tempo real.

Rins artificiais portáteis: membranas flexíveis de fibra oca que permitem diálise 24 horas por dia, proporcionando mobilidade ao paciente.

Materiais ecológicos: Desenvolvimento de membranas biodegradáveis ​​(ex.: ácido polilático) para reduzir o lixo hospitalar.

 

Conclusão

A escolha de um dialisador para hemodiálise não é apenas uma decisão técnica — é uma integração da condição do paciente, dos objetivos do tratamento e das considerações econômicas. Pacientes com doença renal em estágio terminal (DRET) se beneficiam mais de dialisadores de alto fluxo para minimizar complicações a longo prazo. Pacientes com lesão renal aguda (LRA) podem priorizar custo e simplicidade. Crianças e pacientes em estado crítico requerem dispositivos cuidadosamente personalizados. À medida que a inovação avança, os dialisadores do futuro serão mais inteligentes, mais seguros e mais próximos da função renal natural — melhorando tanto a sobrevida quanto a qualidade de vida.


Data da publicação: 08/09/2025